quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Thássio Wheidder

O Centro de Caridade Caboclo Capangueiro, encontrava-se em festa pela comemoração dos seus 09 anos de existência. Desempenhando um grandioso trabalho espiritual pela terra.
No dia sábado passado 31/09, fomos recebidos por Ely Macedo, responsável pelas relações públicas do centro. Tivemos uma breve apresentação do que aconteceria nas 6 horas que ficaríamos presentes e nos apresentou o espaço físico do Centro.
Um terreiro bastante simples fica em cima de uma casa, no Mont Serrat.
Era um espaço com alguns cômodos, onde tivemos pouco acesso
Nas paredes imagens dos orixás onde eu só reconheci a imagem de Ogum e suas espadas e a de Xangô que estava em destaque por ser o orixá regente do centro.
Logo em seguida fomos levados ao salão onde aconteceu a cerimônia.
Ely anunciou nossa chegada, disse que éramos alunos da Jorge Amado e que estávamos fazendo um trabalho, fomos muito bem recebidos por todos, com direito a ficar sentado em um lugar bastante privilegiado onde teríamos visão ampla dos orixás baixados.
Ao entrar no salão duas coisas me chamaram a atenção, uma foi a presença de algumas crianças. Sem restrição nem uma, homens, mulheres e crianças, todos vestidos de branco como se fosse um só. Inclusive tinha um menino, que segundo eles não andava e passou a andar depois que freqüentou o centro.
A outra foi que não tinha instrumentos, nada de atabaques, agogôs, pandeiros, etc. Tudo era levado na palma da mão. Até então para mim, candomblé que é candomblé tinha que ter a presença dos tambores.
Já acomodados, escutamos as palmas e então foi entoado o primeiro canto, foi o suficiente para as primeiras entidades aparecerem: O irmão Jeremias, Capangueiro e Boiadeiro.
Até então tudo normal,os santos dançavam ,iam até o centro da roda, pegavam as oferendas, pratos com ovos, charutos, milho branco e cerveja. A cerveja sempre quente e algumas pretas. Somente os santos baixados que poderia fumar comer e beber da oferenda. Por sinal, como bebiam! Não me lembro de nem um ter tocado no milho.
Até que foi entoado um novo canto e foi evocado Tupinambá, o tupi guerreiro.
Tupinambá baixou em uma mulher e logo em seguida veio nos oferecer água da cachoeira, passou óleo nos nossos pés para abrir o caminho. Depois ficamos sabendo que é muito difícil ele fazer isso, somente pessoas em que ele confia são dignas de receber essa gentileza.
O quinto santo a aparecer foi Oxossi, onde me encaminharam até ele para receber o “passe.”
Fiquei parado em sua frente, enquanto ele pronunciava algumas palavras e passava umas folhas pelos meus braços, peito e cabeça.
Segundo ele, aquilo iria tirar minhas impurezas e iria-me sentir mais leve.
Voltei ao meu lugar e continuei a assistir a festa.
Todo mundo em êxtase, o ritmo das palmas sempre freqüente nem parecia que já estavam ali por mais de duas horas.
Mais uma entidade apareceu no corpo de uma mulher, foi ai que me toquei de vez que os santos não escolhem sexo para incorporar. Meu pensamento era que santo masculino só desce em homem e feminino só desce em mulher. Muito pelo contrario, naquela noite o que mais teve foi santo baixando nas mulheres.
Ainda tivemos a presença de Ogum, Iansã e Eru.
Por volta das 20hrs o presidente da mesa branca, disse que iria encerrar, pediu para que todos se virassem em direção à rua levantasse os braços e fizesse uma oração mentalmente.

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